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Mostrando postagens de setembro, 2020

O controle da Educação pelo Estado no Brasil: brevíssima reflexão histórica.

  Primeiro vale refletir o que se pensa de Educação: quem é o sujeito e quem é o responsável? Onde se dá a educação? Ainda que se tenha uma visão antropológica, que não muda, pois o Homem é o mesmo, na prática isso depende do período histórico. No Brasil a educação formal começa como um apoio à colonização, por meio dos missionários, das ordens religiosas, especialmente os jesuítas, que tinha uma missão civilizadora. Além disso, entendia-se a educação como de responsabilidade da família, que na falta de instituições procurava preceptores, e a escola religiosa funcionava como apoio, subsídio. Com o tempo foi passando a ser entendida como um direito, livre, laico e dever do Estado. A maior parte das instituições eram jesuítas. Esses foram expulsos pelo Marques de Pombal e vieram as aulas régias, administradas pela Coroa. Com relação às escolas públicas tivemos algumas iniciativas importantes durante o período Colonial e Imperial, mas é no final do século XIX e início do XX qu

Algumas reflexões sobre os aspectos metodológicos para a pesquisa com a legislação na Educação

Gosto de uma citação do pesquisador Dominique Julia: “os textos normativos devem nos levar às práticas. É nos tempos de conflito que podemos ver o funcionamento real das finalidades atribuídas à escola”. As leis não são   fenômenos, não surgem do nada, não há neutralidade na lei. Há a intenção de quem faz, há a de quem a aplica e a de quem segue. Depende dos sujeitos históricos, do período em que são criadas e aplicadas. Cada período traz as características históricas, demandas, pretensões e isso influencia a legislação. Thompson, um historiador inglês defende que a lei não é imposta, mas é resultado de conflitos. Na prática, e é o que acontece no meu trabalho,entre a intenção de quem pede, a minha visão pessoal e a forma como eu aplico na realidade da minha escola, dentro dessa compreensão. Um exemplo é a BNCC, imposta pelo governo anterior, mas que na prática é adaptada em cada realidade local e em especial por cada professor. O Certau, historiador francês apresenta os

Como surgiu a idéia de pesquisar sobre educação durante o Mestrado.

  Minha formação inicial é em Direito, mas decidi por seguir outro caminho depois de 5 anos de advocacia e fui cursar a faculdade de História, pensando na docência. Durante a graduação tive a oportunidade de trabalhar por dois anos na FAMS, responsável pelo arquivo histórico do município de Santos. Entre os documentos com os quais trabalhei, me chamou a atenção a cidade ter promulgado uma Constituição Municipal em 1894. Isso me intrigou e passei a pesquisar o que teria levado aqueles primeiros políticos eleitos na República a fazer isso: qual seria a sua concepção filosófico-política? Davam destaque para a autonomia municipal, voto feminino e educação. Em poucos meses essa lei foi anulada. Isso demonstrava uma disputa entre grupos políticos e entre visões de república. Essa tensão podia ser percebida na criação de escolas, como os grupos escolares Cesário Bastos e Barnabé, por exemplo. Quando fui fazer o mestrado na USP escolhi pesquisar como se deu a educação em Santos, por

Meu trajeto de formação.

  O processo para escrita deste presente memorial (escrito para o I Simpósio de Educação de Praia Grande) serviu para uma autoreflexão, movimento importante tanto para a vida profissional quanto para a pessoal. No caso do educador essas áreas são ainda mais interligadas, pois é a personalidade do docente que cativa e motiva os alunos no processo de aprendizagem. Como diz o poeta espanhol, “o caminho se faz ao caminhar” e   nem sempre os trajetos são previamente planejados e as ações meticulosamente organizadas, mas ao longo da vida, por conta das circunstâncias, da maturidade, por exemplo as escolhas são tomadas, e por isso é ao olhar para trás, distante no tempo, depois de anos de caminhada que se consegue perceber um trajeto propriamente. Sou nascido em São Bernardo do Campo em 1980, e resido na região da Baixada Santista há três décadas. Neto e bisneto de imigrantes, meus pais e avós se esforçaram em mostrar a importância do estudo para escapar do serviço pesado do comércio, da