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A Educação Clássica

  A Teoria do Currículo é um campo relativamente novo na Pedagogia, tendo surgido nos Estados Unidos na década de 1920, com a proposta de discutir objetivos, procedimentos e métodos, de forma a racionalizar e organizar o ensino. Após esses estudos surgiram outros com críticas e novas visões e propostas para a educação. Mas apesar dessa discussão enquanto campo da pedagogia ter iniciado no século XX, questões relacionadas ao currículo fazem parte do próprio processo educativo. Muitos autores do passado pensaram na educação em diferentes contextos históricos e trouxeram considerações a respeito do currículo, como conteúdos e princípios a serem ensinados. As considerações sobre o tema tinham um caráter amplo de filosofia da Educação ou traziam sugestões de obras e temas que deveriam ser ensinados. Podemos encontrar apontamentos e reflexões sobre o que ensinar, por exemplo, em Quintiliano e na República de Platão. Essas discussões a respeito do que e como ensinar sempre fizeram parte d
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 Muito se escreve, se fala, se pública sobre educação. Tanto, que daria para fazer uma enorme fogueira. Sabe aquela história do que importa é a qualidade e não a quantidade, então... O foco está errado. Gasta-se tempo no como e nem se pensa no para que. Qual a pessoa que se quer formar? O que se pretende com a educação? Como deverá ser o adulto que está sendo educado? Meu filho, meu aluno, eu mesmo. A pergunta é o que precisa ser aprendido? Um conjunto de informações, uma lista de conteúdos exigidos numa avaliação, comportamentos, atitudes sociais, valores, virtudes?  O que eu pretendo no final do processo?  Sucesso profissional, cidadania, civilidade,  polidez... felicidade, autonomia, liberdade, transcendência, espiritualidade, santidade? Sem um Conhecimento antropológico, da natureza humana, do que se pretende do  Homem, sem o conhecimento da realidade não é possível chegar perto do que é Educação. Talvez instrução, quando muito adestramento, na maioria das vezes passatempo ou seria

O controle da Educação pelo Estado no Brasil: brevíssima reflexão histórica.

  Primeiro vale refletir o que se pensa de Educação: quem é o sujeito e quem é o responsável? Onde se dá a educação? Ainda que se tenha uma visão antropológica, que não muda, pois o Homem é o mesmo, na prática isso depende do período histórico. No Brasil a educação formal começa como um apoio à colonização, por meio dos missionários, das ordens religiosas, especialmente os jesuítas, que tinha uma missão civilizadora. Além disso, entendia-se a educação como de responsabilidade da família, que na falta de instituições procurava preceptores, e a escola religiosa funcionava como apoio, subsídio. Com o tempo foi passando a ser entendida como um direito, livre, laico e dever do Estado. A maior parte das instituições eram jesuítas. Esses foram expulsos pelo Marques de Pombal e vieram as aulas régias, administradas pela Coroa. Com relação às escolas públicas tivemos algumas iniciativas importantes durante o período Colonial e Imperial, mas é no final do século XIX e início do XX qu

Algumas reflexões sobre os aspectos metodológicos para a pesquisa com a legislação na Educação

Gosto de uma citação do pesquisador Dominique Julia: “os textos normativos devem nos levar às práticas. É nos tempos de conflito que podemos ver o funcionamento real das finalidades atribuídas à escola”. As leis não são   fenômenos, não surgem do nada, não há neutralidade na lei. Há a intenção de quem faz, há a de quem a aplica e a de quem segue. Depende dos sujeitos históricos, do período em que são criadas e aplicadas. Cada período traz as características históricas, demandas, pretensões e isso influencia a legislação. Thompson, um historiador inglês defende que a lei não é imposta, mas é resultado de conflitos. Na prática, e é o que acontece no meu trabalho,entre a intenção de quem pede, a minha visão pessoal e a forma como eu aplico na realidade da minha escola, dentro dessa compreensão. Um exemplo é a BNCC, imposta pelo governo anterior, mas que na prática é adaptada em cada realidade local e em especial por cada professor. O Certau, historiador francês apresenta os

Como surgiu a idéia de pesquisar sobre educação durante o Mestrado.

  Minha formação inicial é em Direito, mas decidi por seguir outro caminho depois de 5 anos de advocacia e fui cursar a faculdade de História, pensando na docência. Durante a graduação tive a oportunidade de trabalhar por dois anos na FAMS, responsável pelo arquivo histórico do município de Santos. Entre os documentos com os quais trabalhei, me chamou a atenção a cidade ter promulgado uma Constituição Municipal em 1894. Isso me intrigou e passei a pesquisar o que teria levado aqueles primeiros políticos eleitos na República a fazer isso: qual seria a sua concepção filosófico-política? Davam destaque para a autonomia municipal, voto feminino e educação. Em poucos meses essa lei foi anulada. Isso demonstrava uma disputa entre grupos políticos e entre visões de república. Essa tensão podia ser percebida na criação de escolas, como os grupos escolares Cesário Bastos e Barnabé, por exemplo. Quando fui fazer o mestrado na USP escolhi pesquisar como se deu a educação em Santos, por

Meu trajeto de formação.

  O processo para escrita deste presente memorial (escrito para o I Simpósio de Educação de Praia Grande) serviu para uma autoreflexão, movimento importante tanto para a vida profissional quanto para a pessoal. No caso do educador essas áreas são ainda mais interligadas, pois é a personalidade do docente que cativa e motiva os alunos no processo de aprendizagem. Como diz o poeta espanhol, “o caminho se faz ao caminhar” e   nem sempre os trajetos são previamente planejados e as ações meticulosamente organizadas, mas ao longo da vida, por conta das circunstâncias, da maturidade, por exemplo as escolhas são tomadas, e por isso é ao olhar para trás, distante no tempo, depois de anos de caminhada que se consegue perceber um trajeto propriamente. Sou nascido em São Bernardo do Campo em 1980, e resido na região da Baixada Santista há três décadas. Neto e bisneto de imigrantes, meus pais e avós se esforçaram em mostrar a importância do estudo para escapar do serviço pesado do comércio, da