Ideias
e pensamento educacional
Outro tipo de tratamento da temática intelectuais e educação é a
persecução da compreensão do pensamento de um determinado intelectual ou da
influencia de seu pensamento.
É o caso do artigo de Maria Helena Câmara Bastos (2000), no qual
busca analisar a influência das ideias pedagógicas do educador francês
Ferdinand Buisson no Brasil. Para isso analisa a produção de dois intelectuais
brasileiros, Rui Barbosa e Joaquim José Menezes Vieira, especialmente tradução
de textos daquele educador e de pareceres e relatórios dos intelectuais
brasileiros, nos quais há referencias aos ideais ou ao próprio Buisson.
A apropriação dessas ideias deve ser também compreendida
na perspectiva de transferência de conhecimentos ou de um saber fazer, dentro
de uma hierarquia de estado de desenvolvimento de um país para outro. O mito da
cultura francesa fortalecia uma dissimetria nas relações entre os dois países.1OO Não esqueçamos que algumas destas ideias e
práticas foram assimiladas no âmbito do discurso; outras concretizaram-se em
medidas reais. Mas todas marcaram o debate por longo tempo, como tendências e
propostas a serem concretizadas, mesmo que tardiamente. (p.106)
De maneira diferente Kilesza (1998) procurará compreender qual era
a educação do período do poeta Augusto dos Anjos analisando a obra do autor. Da
análise da poesia, prosa, memórias e cartas do poeta, o autor traz presente uma
filosofia da educação própria do ensono bacharelesco da época, mas também as
tensões próprias do emergente debate a respeito da modernização.
Por fim, Costa, Máximo e Carvalho (2002) em sua pesquisa procuram
identificar o ideário positivista na obra de um educador, Joaquim Rios. A
principal fonte são os artigos publicados na imprensa por esse intelectual, mas
o objetivo aqui é entender como uma corrente filosófica se fez presente na
concepção de educação do referido intelectual.
2.4.
Trajetórias e Ações do intelectual.
Por fim analisamos os artigos que tratam mais
especificamente da trajetória de políticos, professores e intelectuais e sua
atuação na sociedade.
Maria Stephanou (1997) trabalha em seu artigo as práticas
educativas da medicina social entre o século XIX e XX, mostrando como a emergência
dos médicos enquanto educadores.
O impacto das abordagens médicas, estendendo-se para as
mais variadas instâncias do social - jurídico-penal, educacional, sexual
e até mesmo religiosa, entre outras - ou ainda transpondo limites
geográficos,sugere a pertinência de uma contextualização deste tipo, bem como a
fecundidade de uma investigação que se detenha sobre essa rede, esse
conjunto de práticas e discursos da medicina. (p.150)
O artigo de Dermeval Saviani (2000) trata da vida e obra do
Barão de Macahubas, procurando delinear sua concepção de homem, infância e
aprendizagem, o papel da escola, os conteúdos e os métodos do ensino e a
educação moral. O autor parte de um discurso desse intelectual num Congresso
Pedagógico Internacional, mas busca outras fontes para traçar a trajetória de
vida e formação do educador, e analisa suas obras para compreender seus
conceitos educacionais.
Anísio Teixeira é objeto do trabalho de Souza (2001), no que
se refere a sua luta pela educação no Brasil, procurando compreender seu
projeto político para a educação, especialmente nos debates que se referem a
duas instituições educacionais, a Escola-Parque e o Centro Educacional Carneiro
Ribeiro.
Sandra Cristina Fagundes Lima (2002), vai discutir em seu
artigo a relação em intelectuais e políticos, traçando aproximações e
distanciamentos entre os dois conceitos na história:
Refletindo sobre esta tensão entre poder e ciência,
intelectual e político, entre ação e filosofia e aceitando a premissa de que o
passado interessa ao historiador na medida em que pode encerrar as chaves para
a compreensão de problemas que se colocam no presente e que, portanto, as
nossas pesquisas não são desinteressadas,torna-se pertinente tentarcompreender
o papel que os intelectuais desempenharam no cenário cultural brasileiro a
partir de 1930 (p.96)
Mirian Warde, em artigo de 2003 trata de Lourenço Filho por
meio da análise de três cartas, sendo duas deste e uma de Anísio Teixeira.
Fávero
(2006) analisa a trajetória do intelectual Durmeval Trigueiro Mendes, com base
em seus estudos. Procura examinar as concepções desse educador referentes às
categoriassempre presentes em seus trabalhos, relativos especialmente à questão
da universidade.
A partir da análise da obra do autor procurar-se-á
caracterizar seu pensamento filosófico, político e cultural, examinando e
refletindo sobre suas idéias e concepções a respeito de educação e
universidade, sem perder de vista seu itinerário intelectual voltado sempre
para a construção da educação brasileira, como parte de uma realidade concreta.
(p.44)
Etchebèhére Júnior, Mazzali e Viegas (2007) analisam a ação do
Conde José Vicente de Azevedo em São Paulo, para entender o comportamento da
elite católica paulista do século XIX. Para os autores houve uma parceria entre
Estado, Igreja e elite na imp0lementaçaõ de políticas sociais.
Gladys
Mary Teive Auras (2007) trata doprofessor Orestes Guimarães, que
atuou nas reformas educacionais de Santa Catarina. A autora vai se dedicar à trajetória
formativa do intelectual e sua rede de relações. Utiliza-se da teoria “disposicionalista
da ação”, de Pierre Bourdieu, e do conceitode processo civilizador de Norbert
Elias.
Abreu (2008) utiliza-se do conceito de Sociabilidade,
procurando perceber a circulação do intelectual paranaense Lysimaco Ferreira da
Costa. As discussões sobre os rumos da educaçãobrasileira desse autor podem ser
melhor compreendidas destacando as ligações e movimentos do autor em sua rede
de relações, suas ligações com intelectuais de outrosestados.
Irlen Antônio Gonçalves (2008) discorre sobre a atuação de Delfim
Moreira no processo de tramitação da Reforma do Ensino Primário, de 1902 a
1906. O autor procura pensar o intelectual relacionado com o Estado e a
Educação. Destaca a presença de profissionais de diferentes áreas como medicina
e direitos na educação e nos postos dos governos, com o objetivo da
modernização da República.
Realçar esse intelectual é envidar o esforço de
compreensão do movimento em prol da modernização do Estado, sob a bandeira da
República. Isso porque os intelectuais brasileiros, pela via da modernização do
país, apostaram na intervenção do Estado na articulação e/ou moderação de
forças sociais. (128)
Carlos Eduardo Vieira, em artigo de 2008, debate a própria
escrita da História dos Intelectuais, analisando os conceitos de intelectual ,
as potencialidades e limites na História da Educação.
Vera Lúcia Abraão Borges ( 2009) trata da atuação de
deputados mineiros no período entre 1892 e 1898, com o objetivo de refletir a
prática no empenho da implantação e consolidação da República. Estudou a
concepção de república, o perfil dos deputados e sua atuação política.
Nicolás José Isola (2012) busca entender o campo intelectual da
educação na Argentina, por meio da análise da atuação de diferentes intelectuais
entre os anos 50 e 80, pontuando as influencias políticas no campo educacional.
Comentários
Postar um comentário