Educação
Os trabalhos
sobre educação contemplam a chamada História das Instituições Escolares.
Com a crescente
demanda diversas escolas surgiram, fossem por iniciativa do poder público, como
as cadeiras municipais e os Grupos Escolares Cesário Bastos e Barnabé, fossem
por iniciativa popular como a Escola Modelo da União Operária e as escolas e
imigrantes como a do Centro Espanhol e especialmente a escola italiana,
retratada no artigo de Marcio Brasil “A
Escola da Società Italiana diBeneficenzadi Santos (1897-1942)”.
O autor pontua
como as diversas nacionalidades presentes em Santos se organizaram em Centros e
fundaram iniciativas comosociedades beneficentes e de auxílio mútuo, mas
especialmente atividades educacionais, como forma de inserção social.
Sobre escolas de
iniciativas de sociedades de auxílio mútuo interessante o artigo “Saberes de professor com formação européia
em Santos (década de 1910)” da professora Maria Apparecida Franco Pereira.
Nele a professora, a partir de um texto de um professor da escola, Alcides
Hypolito Luiz Alves, traz relevante análise da atuação da Sociedade união
Operária, fundada por operários e mestres-de obra, alguns de inspiração
anarquistas e em grande parte imigrantes. Tinha como objetivo o auxílio mútuo,
mas previram a criação de biblioteca, escola e a promoção de conferências
culturais. (PEREIRA p. 69)
As
transformações da cidade e as consequências para a vida da população são os
destaques no artigo “A Conveniência de um Asilo de Órfãos na Cidade De Santos”
de Marina Tucunduva Bittencourt Porto Vieira.
As epidemias e
mortes frequentes no final do século XIX, provocaram a necessidade da
intervenção urbana e da aplicação de um projeto burguês de modernidade, tendo
em vistas que as frequente imigrações, o aumento da população e do movimento
portuário intensificaram as mortes decorrentes de doenças e de falta de
higiene.
“Aliada à intervenção na infraestrutura urbana, uma
campanha sanitária intensa foi efetuada na cidade de Santos, no sentido de
estabelecer hábitos higiênicos. As medidas sanitárias tinham por objetivo
implementar estratégias de controle higiênico das cidades e alterar
radicalmente sua estrutura urbana e o modo de vida de seus habitantes. Faziam
parte do projeto burguês de modernidade e civilidade.” (VIEIRA p. 66)
Diversas ações
foram efetuadas pela elite, entre elas a criação de um asilo para órfãos, ações
essas que visariam o reconhecimento de uma identidade social, reforçar uma
posição, visibilidade social, e afirmar sua modernidade. As ações de tirar
crianças órfãs das ruas, formá-las social e profissionalmente tinham como
objetivo colocá-las dentro de um ideal de progresso.
A partir de 1908
com a criação do Instituto D. Escolástica Rosa, os meninos passaram a deixar o
Asilo e ir para a nova instituição para receber formação profissional. A
dissertação de Wilson Dias da Silva: “O
Instituto D. Escolástica Rosa: a gestão de Pedro Crescenti 1934-1945” trata
desse assunto.
A criação dessa
escola, e de outras instituições de ensino profissional que surgiram nesse
período na cidade, como Academia de Comércio de Santos em 1907 e a Escola de
Aprendizes de Marinheiros de Santos, de 1909, “estava dentro do viés de modernização pelo qual o país passava em
decorrência do fluxo da riqueza do ouro verde e do início da industrialização.”
(SILVA p. 25)
2. História dos
Intelectuais e História da Educação
Com relação às pesquisas referentes aos Intelectuaise
Educação, optou-se por utilizar o banco de dados das três revistas consideradas
de maior expressão no campo da História da Educação: Revista Brasileira da História da
Educação, Revista História da Educação, e Cadernos de História da Educação.
Foram localizados 31 trabalhos relacionados ao tema intelectuais,
que foram agrupadosde acordo com seus objetivos em quatro grupos: O professor
como intelectual, Imprensa e Intelectuais, Ideias e pensamento educacional, e
Trajetória e Ações do Intelectual.
2.1.
O Professor como intelectual
Entre os artigos 10 deles têm como objetivo a análise da prática
pedagógica de professores e professoras, primários e secundários. Por exemplo:
“procurando compreender os conceitos e as práticas
educacionais que caracterizaram a visão de mundo da professora, a partir do
entendimento das circunstâncias histórico conjunturais que marcaram a sociedade
do período”. (ALMEIDA, 1997)
O trabalho de Chamon (2008) detém-se sobre a trajetória de vida
e profissional de uma professora, Maria Guilhermina Loureiro de Andrade, para
compreender como se deu sua participação da disseminação no Brasil do método
intuitivo e de processos educativos norte-americanos. Para isso, seguindo os
caminhos de Sirinelli, vai analisar suas redes de sociabilidade, especialmente
seu “pertencimento religioso e das redes de
relações que ele implicou” (p.79)
Já Beatriz T.D.Fischer (2005) vai
debater sobre os documentos pessoais de uma educadora como fonte para
compreender sua atuação educativa e política:
“Seus registros pessoais,
embora raros e fragmentados, permitem não só visualizar um cenário político
mais amplo, como insinuar sobre a existência de micropoderes em confronto no
interior do movimento docente, no final da década de 70 do século XX.” (p.69)
Arlette Medeiros Gasparello e Heloisa de Oliveira Santos Villela, em
seu artigo (2009)analisam um grupo de professores secundários com o objetivo de
compreender como seu deu o processo de formação de sua identidade social, por
meio da análise de sua carreira docente, produção, atividades acadêmicas e
interações sociais. As autoras se utilizam de Peter Burke que trata da identidade de grupo de letrados, e
analisam a formação dos docentes, sua prática educativa e obras publicadas.
Trabalhos como os de Pavan e Passos (2006), Sousa Marques (2010),
Souza e Magalhães (2011) e Martins et Silva (2012)tratam da trajetória e
história de vida de professores ou grupo de professores e sua importância no
contexto histórico de seu período para sua região:
O vaivém entre as trajetórias biográficas e a
estruturação das posições para a prática da profissão e o processo de
apropriação do capital escolar, entre as oportunidades de acesso ao capital
escolar e as origens familiares, ajudaram nas perguntas para o mergulho na
experiência cruzada do professor em sua experiência familiar e a sua
familiarização com o universo da escola pública e da cidade de Jundiaí. Melhor
dizendo, com a ajuda deste método de estudo biográfico, acredita-se ter podido
ver mais longe em termos de profundidade histórica e mais perto em termos de
precisão. (Pavan e Passos, 2006 p. 152)
Os artigos de Alessandra Schueler e José Gonçalves Gondra
(2010) e LibâniaNacif Xavier e Maria João Mogarro (2011) tratam da movimentação
de ideias pedagógicas a partir da circulação de professores entre diferentes
países.
Schueler e Gondra analisam o relatório de um professor
público primário, referente a viagens pedagógica a Portugal, França, Espanha e
Bélgica, estudando suas representações sobre aspectos da educação vivenciadas
nesses países e a comparação com a situação no país.
Já Xavier e Mogarro comparam o cruzamento de itinerários
profissionais de professores entre Brasil e Portugal, procurando conhecer os
pontos de aproximação, distanciamento e influencias mútuas.
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