Johann F. Herbart nasceu na Alemanha, na
cidade de Oldenburgo em 1776 e faleceu em 1841.
Iniciou sua carreira
como preceptor de três jovens (8,10 e 14 anos) na Suíça (1797-1802) e depois
lecionou Filosofia em Goetingen (1802-1809 e de 1833-1841)) e Konigsberg (1809-1833.)
Sua estadia na Suiça tornou possível o contato com Pestalozzi[1],
que influenciou sua sistematização de ensino.
Suas principais obras
pedagógicas foram: Relatórios de um
Preceptor, Pedagogia Geral deduzida do fim da Educação(1804), Esboço para um
curso de Pedagogia, Lições Preliminares sobre Pedagogia e Ideias de Pestalozzi
em um ABC da Instrução(1802).
No século XIX houve uma
grande urbanização na Europa, com o desenvolvimento das grandes cidades e a
industrialização (Revolução Industrial). Esse período é marcado pela ascensão
da burguesia e de seus valores, especialmente o objetivismo e a razão. Nesse
período a escola ganhou uma função moralizante.
Suas ideias foram
difundidas no Brasil por Rui Barbosa, juntamente com as ideias de Comênio e
Pestalozzi, em oposição ao ensino jesuítico. (Freitas e Zanatta 2006 p. 6). Seu
sistema, especialmente seus “passos formais” subsistem em muitas escolas até
hoje. (Saviani 1998 p. 25)
De acordo com Larroyo,
(1974, p. 631) ele está entre os quatro maiores pensadores da pedagogia
clássica, ao lado de Comênio, Rousseau e Pestalozzi.
Esse autor, considerado
um dos grandes teóricos da Escola Tradicional, e fundador da pedagogia como uma
disciplina acadêmica, foi um dos primeiros a criar uma sistematização
pedagógica, sendo considerado o criador da Ciência da Educação. Pode ser
tributado a ele, ainda a utilização da psicologia experimental aplicada à
pedagogia.
Segundo Herbart a vida
psíquica é constituída essencialmente pelo jogo das representações, que são
somente modificações dos sentimentos e dos desejos. A educação é a virtude que
consiste na harmonia entre a vontade e as ideias éticas. A esse fim está
subordinado o ensino, o qual influi as representações e, com elas inclui toda a
vida psíquica. O ensino é sempre educativo.
A principal ideia da
pedagogia herbartiana é a “instrução educativa”. Para ele educação preocupa-se
em formar o caráter e aprimorar o ser humano e instrução veicula uma
representação do mundo, transmite conhecimentos novos, aperfeiçoa aptidões
preexistentes e faz despontar capacidades úteis. Para ela a instrução pode
conduzir á educação.
Para Herbart o objetivo
da educação é a moralidade. O fim da educação e da instrução é a formação de um
homem de cultura, que por conta de um senso estético, é obrigado a lutar pela
obtenção dos mais altos ideais éticos.
A instrução tem como
objetivo permitir com que o aluno compreenda o mundo e os homens. Essa
compreensão do mundo não serve apenas á transmissão de conhecimentos, mas está
a serviço da “tomada de consciência moral’ e do “reforço do caráter”.
Para que a criança
consiga internalizar a disciplina ela precisa de um governo externo, exercido
por meio de um mestre (professor). O professor assume a autoridade, e por meio
de ritos e rotinas os alunos são instruídos e educados.
Segundo ele, a ação pedagógica
se orienta por três procedimentos: o
governo, a disciplina e a instrução.
O governo: é a forma de controle da agitação da criança, inicialmente
exercido pelos pais e depois pelos mestres, com a finalidade de submeter a
criança às regras do mundo adulto e viabilizar o início da instrução.
A disciplina é a responsável por manter firme a vontade educada, no caminho
e propósito da virtude, supondo autodeterminação, que é uma característica do
amadurecimento moral levando para a formação do caráter que está sendo
proposta, ao contrário do governo, que é heterônomo e exterior, mais adequado
ao trato com as crianças pequenas.
A instrução: é o principal procedimento
da educação e pressupõe o desenvolvimento dos interesses.
Governo, ou o controle
externo, Disciplina, ou controle interno, concorrem para assegurar a Instrução.
O interesse determina
quais as idéias e experiências que receberão atenção por parte do indivíduo.
Herbart não separa a instrução intelectual da instrução moral, pois para ele,
uma é condição da outra. Para que a educação seja bem sucedida é conveniente
que sejam estimulados o surgimento de múltiplos interesses.
A Instrução educativa
baseia-se na curiosidade do aluno, ou seja, no interesse e conhecimentos
prévios, nas experiências anteriores. A finalidade da instrução é simplesmente
completar, aperfeiçoar esta bagagem preexistente. Isso pode se dar por meio de
ensino descritivo, mas também pode dissecar o que já foi aprendido e através
dos elementos dados elaborar novos conjuntos conceituais.
Para Herbart há duas
vias convergentes de reflexão pedagógica:
·
Analítico: ponto de partida é a
experiência e as experimentações pessoais
·
Sintético: parte de um sistema
filosófico predefinido.
O interesse cria as
primeiras ligações entre o sujeito e o objeto.
O interesse se forma assim que o sujeito apreende uma “multiplicidade”
de objetos em profundidade e liga os traços que esses aprofundamentos deixaram
em sua memória.
A orientação didática de
Herbart estabelece passos formais que podem ser articulados em dois momentos
principais: Concentração (clareza e associação) e Reflexão (sistema e método).
Esses dois passos se subdividem:
Método de Instrução
Herbart propõe 5 passos
formais que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem do aluno:
·
preparação: o mestre recorda o que a criança já sabe para que o aluno
traga ao nível da consciência a massa de idéias necessárias para criar
interesse pelos novos conteúdos;
·
apresentação: a partir do concreto, o conhecimento novo é apresentado;
·
assimilação: o aluno é capaz de comparar o novo com o velho, distinguindo
semelhanças e diferenças;
·
generalização: além das experiências concretas, o aluno é capaz de
abstrair, chegando a conceitos gerais, sendo que esse passo deve predominar na
adolescência;
·
aplicação: através de exercícios, o aluno evidencia que sabe usar e aplicar
aquilo que aprendeu em novos exemplos e exercícios. É deste modo, e somente
deste modo, que a massa de idéias passa a ter um sentido vital, perdendo o
aspecto de acumulação de informações inúteis para o indivíduo.
Exemplificação dos “Passos Formais”:
Tema da lição: Os Planetas:
·
preparação: questionar o aluno sobre qual sua noção do que seriam planetas;
·
apresentação: observar num planisfério celeste o movimento de algum planeta,
por exemplo Vênus;
·
assimilação: comparar Vênus com outros planetas;
·
generalização: caracterizar, em geral.
Essa espécie de astros chamados de planetas – definição de planeta;
·
aplicação: estabelecer uma comparação entre planetas e
outras classes de astros, formular e resolver problemas astronômicos, etc.
PRESSUPOSTOS
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PESTALOZZI
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HERBART
|
DEWEY
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Finalidade da educação:
cultivo da mente, do sentimento e do caráter
Centro: professor
Ensino: promoção da percepção
das coisas, dos objetos naturais, por meio do contato direto e da intuição
Conhecimento: organização das
percepções sensoriais obtidas na relação com as coisas
Aprender: processo
espontâneo, atividade livre
O mundo é a natureza; deve
ser percebida e, desse modo, conhecida
|
Finalidade da educação:
formar o cidadão do futuro
Centro: professor
Ensino:predeterminado
Generalização - é
retrospectiva, visa ilustrar o conteúdo
O novo, é novo apenas para o
aluno
Não distingue conhecimento e
informação
Aprender: desvendar a
verdade; conceituar; definir e classificar.
O mundo é um sistema
consumado, não há novidade e sim desconhecimento, ignorância
|
Finalidade da educação: mais
educação
Centro: aluno, o professor
guia
Ensino: descoberta que ocorre
ao final
Hipótese – é prospectiva e
visa por o conteúdo à prova
O novo pode ser novo também
para o professor
Antes da aprendizagem há
apenas informação; a ação dos alunos sobre ela a transforma em conhecimento
Aprender: reconstruir a
experiência identificando o melhor modo de aprender
O mundo é um sistema aberto,
indeterminado, passível de novidade genuína
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MÉTODO DE ENSINO
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PESTALOZZI
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HERBART
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DEWEY
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1. Do conhecido ao
desconhecido, do concreto ao abstrato, do particular ao geral, da visão
intuitiva à compreensão geral
2. Promover a associação
entre os elementos das coisas, dos objetos
2. Fazer com que cada aluno
reúna, organize num todo os pontos de vista alcançados
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1. Preparação: recordação,
pelo professor, de algo já sabido
2. Apresentação: o professor
apresenta a nova matéria
3. Assimilação: comparação
com a matéria antiga
4. Generalização:
apresentação, pelo professor, de exemplos, casos semelhantes
5. Aplicação: aplicação do
aprendido por meio de tarefas
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1. Atividade: utilização de
algo que a criança já tem interesse em fazer
2. Problema: os alunos
identificam problemas que requerem certo conhecimento para serem resolvidos
3. Dados: busca de
informações que permitam prosseguir
4. Hipótese: com os dados os
alunos fazem previsão de resultados
5. Experimentação: teste da
hipótese e confirmação ou não do previsto
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Bibliografia
PATRÍCIO, M.F. & GOMES, J.F. Antelóqio & Prefácio
À edição portuguesa. In. HERBART, Johann Friedrich. Pedagogia Geral. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p.
V-XL
HERBART, Johann Friedrich. Pedagogia Geral. A multiplicidade de Interesse (livro segundo) Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 61-144
HILGENHEGER, Norbert. Johann
Herbart. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010. 143 p.
LARROYO, René. História
geral da pedagogia. 2ªed. São Paulo: Mestre Jou, 1974.
FREITAS, Raquel A. M.M. & ZANATTA, Beatriz A. O legado
de Pestalozzi, Herbart e Dewey para as práticas escolares. In: Congresso
Brasileiro de História da Educação, 2006, Goiânia. Anias... UCG/VIEIRA, 2006 p.
1-10. Disponível em:
http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/eixo03/Raquel%20A.%20M.%20da%20M.%20Freitas%20e%20Beatriz%20Aparecida%20Zanatta%20-%20tex.pdf
[1]
Pestalozzi (1746-1827),expoente da chamada Pedagogia Intuitiva, cuja
característica principal é oferecer dados sensíveis à percepção e observação
dos alunos. Defendeu a educação não repressiva, o ensino como meio de
desenvolvimento das capacidades humanas, o cultivo do sentimento, da mente e do
caráter. Seu método tem como princípio: partir do conhecido para o
desconhecido, do concreto para o abstrato, do particular ao geral, da visão
intuitiva à compreensão geral. A base de seu método é a “Lição das coisas”.
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