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Religião e nação na Europa no século XIX: algumas notas comparativas Heinz-Gerhard Haupt

1.  Biografia
Heinz-Gerhard Haupt nasceu 1943. 
É professor de História Social na Universidade de Bielefeld , mas até 30 agosto de 2011 esteve no Instituto Universitário Europeu em Florença . 
Ele dirige projetos de investigação do Centro de Pesquisa Colaborativa "A política como espaço de comunicação na História". 
 Sua pesquisa se ​​concentra sobre a história da e as relações entre nacionalismo e religião na Europa, a história do século 19 e 20 Europeu, e sobre a história da violência política na Europa desde 1800. 

2. Idéias principais

Mostrar que a “nacionalização da religião” e “sacralização da nação” com base na reinterpretação de figuras bíblicas e mártires seculares não são fenômenos distintos e por isso devem ser analisados separadamente. Pelo contrário, devem ser entendidos como fatores complementares do mesmo processo de construção da nação no ceio das relações entre religião e nacionalismo;

3. Estrutura do texto

1. O texto parte da afirmação de que o vazio deixado pela religião na Europa do século XVIII foi ocupado pelo nacionalismo, criticando-a, e afirmando que esse processo envolve é mais complexo e envolve mudanças nos lugares ocupados tanto pela religião como pelo nacionalismo;

2. Em seguida apresenta outra vertente que estuda as chamas “nacionalização da religião” e “sacralização da nação” como fenômenos distintos e independentes;

3. Depois anuncia que o texto se concentra em uma fase particular da relação entre a nação e a religião entre a segunda metade do século XIX e primeira do século XX, caracterizadas em alguns países europeus por processos de nation building (função do nacionalismo). Nesse processo se depara com a igreja ao querer se colocar como organizador da sociedade e como monopolizador da interpretação do passado e do presente (organização da memória coletiva e oficial);

4. Objetivo do texto: Analisar esses conflitos em diferentes Estados em formas semelhantes em diferentes (História Comparada) apoiando-se nos exemplos da França, da Itália, da Alemanha e da parte Tcheca do Império Austro-Húngaro. Esperando-se encontrar situações variadas nos conflitos entre as confissões e o Estado e a Igreja Católica;

5. Apresenta duas situações distintas nesses conflitos: 1) Estado e/ou corrente laica contra a Igreja Católica na França, na Itália e na Tchecoslováquia; e 2) Protestantismo contra catolicismo na Alemanha;

6. Com base nesse quadro geral propõe uma análise de como o Estado nacional moderno pode se confrontar com a força institucional e a mobilização do catolicismo entendendo esses conflitos como uma relação entre religião e Estado, pois se queria ao mesmo tempo nacionalizar a religião e sacralizar a nação; Os dois processos são complementares: reinterpretação das figuras nacionais + utilização nacional das figuras bíblicas na criação dos mitos fundadores e consolidação da nação;

7. Exemplos de nacionalização da religião: Lutero (protestante) e Bonifácio (católico) na Alemanha; Joanna D’arc na França; Giordano Bruno na Itália;

8. Exemplos de sacralização da nação; Jan Hus, herético queimado durante o Concílio de Constança (1414 – 1418) e posteriormente reinterpretado pelo movimento nacional Tcheco; Victor Hugo na França; Garibaldi e Vitório Emanuel II na Itália;


9. Semelhanças entre as políticas da memória e simbólicas (versões diferentes da história nacional): figuras do passado tanto celebram a unidade nacional criada pela cristianização do país (São Venceslau, Bonifácio, Joanna D’arc e São Luís), quanto a ruptura com o catolicismo que levaria ao Estado nacional do presente (Jan Hus, Lutero, Giordano Bruno e uma Joanna d’arc “republicana”);

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