Assim que chegou a notícia da
proclamação da República foi aclamado um novo governo municipal pela população. Foi eleita esta “junta provisória” com o fim de
garantir que a República se estabelecesse pacificamente na região. A aclamação
do novo governo foi festejada em toda a cidade com espetáculos, entoação da
Marselhesa, e com ampla participação popular, já acostumada com a propaganda
republicana na cidade (SANTOS, 1986, p. 247).
Como característica da contradição do
período é interessante o exemplo do ofício abaixo
Este é o documento pelo qual o
conhecido republicano Américo Martins dos Santos, então presidente da Câmara
(Monárquica), passou a Júlio Conceição a presidência da Câmara.
Neste período a Associação Comercial de Santos[1], tinha grande ingerência nos assuntos
municipais, pois por representar os interesses dos comerciantes locais, visando
a melhoria de seus negócios passou a atuar na infra-estrutura da cidade,
notadamente no desenvolvimento do Porto e no saneamento e iluminação pública,
sempre visando os interesses comerciais de seus membros.
Esta Instituição teve participação nos
momentos fundamentais para o desenvolvimento da cidade, chegando até mesmo a
governá-la diretamente no ano de 1891, ainda que por curto período, de 14 a 30
de dezembro de 1891. Neste período era presidida por Antônio Carlos da Silva
Teles, que transmitiu o poder municipal para a nova Intendência comporta por
João Galeão Carvalhal. Lino Cassiano Jardim, Francisco Cruz, Antônio Augusto
Bastos, Antônio José Malheiros Júnior, Raimundo Gonçalves Corvelo e Teófilo de
Arruda Mendes.
Olao Rodrigues diz que o motivo de a
Associação Comercial de Santos ter governado a cidade, foi a exigência da
deposição do então Presidente do Estado, Américo Brasiliense, que aliou-se a
Deodoro da Fonseca, que depois de dissolver o Congresso foi considerado ditador
por parte dos republicanos santistas. Provavelmente parte da população santista
rebelou-se contra os intendentes por serem estes aliados de Brasiliense e
Deodoro
Concentrado na Praça da República, o povo exigiu a deposição
de Américo Brasiliense, do intendente e dos vereadores municipais, por meio de
moção lida por Martim Francisco (3º), segundo a qual a administração do
Município deveria ser entregue à diretoria da Associação Comercial, que se
encarregaria de exercê-la até "que o novo
presidente do Estado resolva a tal respeito as atribuições da atual
Intendência, cuja competência fica terminada".
Nesse período houve muita instabilidade na Intendência
de Santos. Muitas exonerações e nomeações[2].
As Comissões de Intendência eram constantemente modificadas. Só em dezembro de
1891 chegou-se a 12 exonerações.
[1] A
Associação Comercial, desde sua fundação em 22 de dezembro de 1870, por um
grupo de comerciantes locais, era a entidade que representava os interesses da
elite comercial da cidade de Santos. A maior parte de seus membros e
presidentes era envolvida com o comércio do café, principalmente comissários,
ainda que congregasse banqueiros e comerciantes de importação e exportação. É a
associação comercial mais antiga do Estado de São Paulo e a quarta do país.
(PEREIRA, 1980. pg. 68/69)
[2] Nessa época os vereadores ainda não eram eleitos, mas
nomeados pelo Presidente do Estado, segundo critérios de su interesse. A
primeira câmara eleita só toma posse em 30 de setembro de 1892 e é a que promulgará
a Constituição Municipal de Santos em 1894.
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